Como sabem para além da prática privada, trabalho paralelamente numa clínica de gestão de peso, onde maioritariamente tenho pacientes com excesso de peso que têm graves compulsões alimentares
Assim sendo está é também uma das áreas que me fascina, até porque infelizmente cada vez mais tenho recebido adolescentes no meu gabinete.
O artigo que se segue foi escrito por mim de forma a esclarecer algumas dúvidas que surgem ao longo deste processo.
Muitos perguntam qual o papel da psicologia na perda de peso, pois eu explico. Ao lado de uma alimentação saudável e da prática de actividade física, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) têm impulsionado este processo, mas como?
Não é segredo que se tiver uma alimentação saudável e praticar exercício físico consegue perder algum peso. Contudo, é preciso "colocar a cabeça" a favor do processo, uma vez que emagrecer exige uma mudança de comportamento, mas para isso, é necessário que ocorra uma mudança cognitiva, ou seja, de pensamento.
Uma primeira etapa para a mudança passa pela tomada de consciência. É essencial para este processo que a pessoa identifique os seus obstáculos e que esteja disponível para fazer pequenos ajustes, no sentido de alterar o seu comportamento. O psicólogo tem nesta etapa um papel bastante relevante.
Passo a explicar a importância da TCC em todo este processo:
A TCC tem demonstrado a sua eficácia no tratamento da obesidade. Esta terapia, desenvolvida por Aaron Beck em 1956, refere que a maneira como as pessoas pensam afeta o que elas sentem e, consequentemente, o que elas fazem. Assim, aplicando esta intervenção conseguimos identificar os pensamentos/crenças erradas, permitindo reagir de uma forma funcional, o que faz com que a pessoa se sinta melhor e tenha um comportamento mais produtivo.
A maioria das pessoas refere como pensamentos irracionais, o seguinte:
Pensamento tudo ou nada - " perdido por cem perdido por mil".
Pensamento ilusório - " já que comi hoje um doce, mais vale comer o que quiser o resto do dia".
Para além destes, existe uma parafernália de pensamentos.
O objectivo concreto deste tipo de intervenção é, num primeiro momento, alterar o pensamento e o comportamento perante a "dieta ou plano alimentar", fazendo distinção entre fome fisiológica (que é natural) e fome emocional (específica, por exemplo, por chocolates ou bolachas,...). É importante que aprenda a lidar de forma diferente com as emoções negativas que o levam a comer, por vezes, de forma compulsiva. Assim como, lidar com a ansiedade resultante de outros problemas da vida.
Após esta primeira fase passamos para uma nova etapa: definição de estratégias, que ajudarão a combater a fome emocional. Estas estratégias incidirão no apoio à mudança de pensamento e, consequentemente, de comportamento, promovendo a adopção de um estilo de vida mais saudável.
Como tudo na vida, é natural que a sua motivação oscile ao longo do processo. Numa fase inicial, é comum que o nível de motivação seja elevado, mas que ao longo do processo de perda de peso, em consequência das alterações do mesmo, sofra alterações.
A psicologia tem aqui um papel importante, no sentido de ajudar a lidar com a frustração quando a perda de peso não corresponde às expectativas pessoais.
Portanto, a partir de agora se perguntar de que forma a Psicologia ajuda na gestão de peso, pare e reflicta um instante...vai ver que isto que acabei de explicar faz todo o sentido!
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